O meu nome é Vanessa

Após o rescaldo e retrospeção do que foi o dia 26 de novembro, em que os jovens e alguns adultos da Marinha Grande receberam o Sacramento do Crisma, numa celebração muito emocionante, partilhamos aqui o testemunho de uma das nossas crismandas adultas.

“Olá, o meu nome é Vanessa! Fui crismada no Domingo, como muitos de vocês, mas eu tenho 31 anos. Foi um pouco fora de tempo…

Quando tinha 13 anos, tomei a decisão de desistir da catequese - admiro todos vós que aos 15 ou 16 anos conseguiram ter a consciência e tomada de decisão de se manterem firmes ao compromisso que fizeram convosco mesmos e com Deus; para outros terá sido uma obrigação, mas com isso digo já que não concordo.

Os meus pais aceitaram a minha decisão e disseram que se era para ir contrariada, era melhor não ir.
“Na igreja é para se estar inteiro e não com a cabeça noutro lugar”, disse senhora minha mãe. O que é para ser nosso, um dia será. Assim foi!

Há um ano e pouco, iniciei o Percurso Alpha, a edição  20.
Primeiro porque me convidaram para ser Madrinha de uma criança, mas depois foi muito mais que isso…
No Percurso Alpha conheci pessoas incríveis que me mostraram maneiras diferentes de ver a vida cristã. Explicaram-me temas de uma forma leve e descontraída e muitas vezes a cantar, comi bem e a companhia era boa. Fiz um fim de semana em Fátima que me fez dar abraços a pessoas que não conhecia de lado nenhum e isso mudou a minha maneira de O abraçar.

Hoje sei que a igreja também são as pessoas. A comunidade que nos acolhe e nos envolve.
Hoje sei que a igreja está diferente para melhor é isso deixa-me feliz.

Depois do Alpha, chamaram-me para ajudar na Pastoral Juvenil. Entrei em choque com o convite e sem pensar muito disse que sim. Seria Deus a chamar-me? Acredito que sim. Não fiz grande coisa porque eu ainda tenho muito para aprender, mas vou dando uma mãozinha. Hoje sei que a esse grupo de pessoas devo toda a minha aprendizagem que se concretizou em pleno no Domingo. Foram as primeiras pessoas a dar-me os parabéns e a receber-me com um sorriso, que eu vou levar comigo para a vida.

Hoje, acredito que a minha melhor decisão foi ter deixado o meu percurso inacabado lá atrás, porque desse modo consegui voltar com mais consciência, com mais vontade e com outros olhos, do que seria se tivesse continuado obrigada pelos meus pais.

Fico feliz pelo percurso até aqui, mas ainda há um longo caminho a percorrer.

Não deixem a chama apagar-se dentro de vocês!

Dia da Sociedade de S. Vicente de Paulo

Celebramos hoje, o último Domingo de Outubro, o dia da Sociedade de S. Vicente de Paulo, em Portugal. Também conhecida por Conferências de S. Vicente de Paulo.

Esta Sociedade é um movimento católico de leigos que se dedica, sob o impulso da justiça e da caridade, à realização de iniciativas destinadas a aliviar o sofrimento do próximo, em particular dos social e economicamente mais desfavorecidos.

As Conferências Vicentinas tiveram o seu início em Portugal em 1845, com a primeira conferência , fundada no Porto.

Os voluntários que ingressam nas Conferências e apelidamos de Vicentino fazem o seu compromisso de:

Viver – o Evangelho;

Conhecer – e servir diretamente as várias situações de pobreza;

Revelar – cristo que serviu e amou a todos, principalmente os mais pobres e humildes;

Oferecer – um testemunho de fé, mais por obras que por palavras;

Comprometer-se – a cumprir a regra de SSVP que define a vocação e missão das Conferências.

 

Ajuda a Conferência da tua Paróquia.

27 de outubro Dia de Oração e de Jejum pela Paz

Na audiência geral de quarta-feira, face às situações de guerra que se vivem em Israel e na Palestina e de catástrofe humanitária na Faixa de Gaza, o Santo Padre convida-nos a gritar e a lutar pela paz: «Que se ouça o grito de paz dos povos, das pessoas, das crianças! Irmãos e irmãs, a guerra não resolve nenhum problema, apenas semeia a morte e a destruição, aumenta o ódio e multiplica a vingança. A guerra anula o futuro. Exorto os crentes a estarem só de uma parte neste conflito: a da paz; mas não com palavras, com a oração, com a dedicação total».

No mesmo sentido, o Papa Francisco convoca-nos para «um dia de jejum e de oração, de penitência, na sexta-feira, 27 de outubro», convida-nos a unirmo-nos aos irmãos e irmãs doutras confissões cristãs e doutras religiões bem como a todos os que se preocupam pela causa da paz no mundo, e pede a todas as Igrejas particulares que participem nesta iniciativa.

A Conferência Episcopal, em plena sintonia com a convocação do Papa Francisco, convida todos os cristãos, famílias, paróquias, comunidades religiosas, dioceses e outras instituições eclesiais, a viverem este dia 27 de outubro como um dia de jejum e de oração pela paz, segundo as modalidades mais convenientes.

Invoquemos a Deus para que, por intercessão de Maria Rainha da Paz, derrame a paz no coração do mundo e nos faça a todos seus construtores.

 

Lisboa, 19 de outubro de 2023

Regresso à Catequese 2023/2024

A catequese paroquial retoma a sua actividade neste fim de semana 27, 28 e 29 de Outubro.

No Casal de Malta:

Sexta-feira 27 Out: retomam as actividades o 7º, 9º e 10º ano;
Sábado 28 Out: Catequese da infância e o 8º ano;

Em Picassinos:

Retomam as actividades no Domingo 29 com a Eucaristia às 09h30 seguindo-se o encontro;

Na igreja Paroquial:

Sábado 28: 1º, 3ºano às 14h30 e o 5º ano às 17h00
Toda a catequese da adolescência;

A Eucaristia de início de ano será às 16hg00 como é hábito

Sábado 04 de Nov: recomeça o 2º, 4º e 6º ano.

A catequese da infância continua o seu trabalho no modelo de catequese familiar, abrindo espaço e preparando o acolhimento do Novo Itinerário de Iniciação à Vida Cristã.

A Adolescência continuará a seguir o modelo Way Yes com o programa apresentado para este trimestre.

E o nosso 10º ano continuará a ser um ano especial, um tempo de crescimento e amadurecimento espiritual em ordem ao discipulado missionário e ao pedido do Sacramento da Confirmação

JMJ e a teia da amizade dos jovens na Marinha Grande

Ainda sobre as Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ)...sim, porque as JMJ tocaram e transformaram as vidas de TODOS. Reativaram laços de amizade, comunhão e partilha nas nossas comunidades.

Este foi um evento que não deixou ninguém insensível, pelos mais variados motivos.

Para quem se entregou voluntariamente a organizar tudo o que envolveu os dias nas dioceses e que teve de sair do seu quadrado para fazer acontecer.

Para todos os que se juntaram às equipas da organização para colaborar na receção, acolhimento e promover o bem-estar dos peregrinos em cada Paróquia.

Os peregrinos que chegaram à Marinha Grande promoveram a partilha de experiências culturais e humanas que enriqueceram tremendamente todas as pessoas envolvidas: voluntários,   famílias de acolhimento e a comunidade em si.

A alegria, a cor, a vida que estes peregrinos, sedentos de conhecimento das nossas formas de ser e de estar perante a vida e a fé, trouxeram, foi algo maravilhoso.

Toda esta experiência, foi contagiante e chegou a todos: aos paroquianos ativos, aos menos ativos e mesmo aqueles que não têm por hábito participar nas dinâmicas paroquiais. Conhecemos pessoas que na nossa comunidade se envolveram, aprofundámos o conhecimento com outras.

Mas tudo ainda foi mais além. Chegou mesmo àquelas pessoas que optaram por não se envolver diretamente, mas que viram as ruas da sua paróquia encherem-se com jovens que traziam bandeiras dos seus países, que falavam línguas e vestiam trajes diferentes, com a sua presença por vezes ruidosa, contudo sempre alegres e tranquilos, cantando, gritando e expressando-se na forma tão caraterística e própria da sua juventude.

Quando o nosso Papa Francisco, em Lisboa, disse vezes sem conta que a Igreja é para TODOS era a tudo isto que se referia também.

Na hora da despedida havia tristeza e até algumas lágrimas. Já se sentia saudade da enorme alegria que estes “estranhos” trouxeram às nossas vidas, aos nossos corações e que ficarão para sempre nas nossas memórias. A nossa comunidade tinha sido transformada por toda a intensidade, rebuliço e turbilhão de emoções e experiências daqueles dias.

Depois de nos despedirmos dos que recebemos em “nossa casa”, foi a nossa vez de partir para Lisboa ao encontro do Papa Francisco, com a expectativa de reencontrarmos alguns dos nossos novos amigos. Alguns de nós até encontrámos. E fizemos festa.

Da Marinha Grande partiram dois grupos, entre jovens e adultos. Um primeiro grupo de 27 pessoas viveu e participou nas dinâmicas previstas para a semana inteira e o segundo grupo viria a participar apenas nos últimos três dias.

 

As expetativas de cada um dos participantes eram diferentes à partida, mas no final a experiência não deixou ninguém indiferente. Cada um, trouxe consigo memórias e vivências pessoais e de grupo, fez novas amizades, que um dia farão a diferença pelo fato de serem sido intensamente vividas.

Mas o espírito das JMJ não terminou naqueles dias em Lisboa.  Na nossa Paróquia alguns destes jovens, aceitaram um primeiro convite para no dia 8 de setembro se voltarem a encontrar. Entre memórias das peripécias e emoções vividas, conversas e brincadeiras, da partilha das fotografias que cada um registou e depois de um jantar animado, começaram a traçar-se ideias e perspetivas para o futuro deste grupo.

No passado dia 29 de setembro voltámos a encontrar-nos. Descobrimos coisas novas uns dos outros: comidas favoritas, lugares no mundo que gostaríamos de visitar e coisas que nunca fizemos. 

“Não há longe nem distância” (Richard Bach), para sonhar, mas sobretudo para experimentar o amor de Deus e o poder da amizade. E no meio destas curiosidades da vida e desejos de cada um, construímos aquilo que alguém nomeou de “Teia da Amizade”.

E a vida, tal como a amizade, é verdadeiramente uma teia. Um emaranhado de caminhos, de encontros e desencontros, onde vamos vivendo momentos marcantes nas nossas histórias de vida pessoais criando memórias. E é nessa teia que vamos construindo aquilo que somos e queremos ser, para realizar na vida e no mundo algo de verdadeiramente bom.

Treze foram os jovens presentes. Com idades que vão dos catorze aos vinte.  Três vieram a primeira vez, porque se desafiaram e atreveram a vir experimentar.  Ainda há lugar para os que não puderam aparecer porque tiveram imprevistos e para aqueles que quiserem aparecer. Mas estes jovens já decidiram que querem continuar a encontrar-se e a partilhar experiências, à sua medida. Já definiram algumas atividades que querem realizar juntos: andar de caiaque, acampar, fazer voluntariado com idosos, fazer sessões de cinema com pipocas, ir à praia, regressar a Lisboa para visitar com maior tranquilidade, mas também querem realizar angariações de fundos, com o objetivo de puderem rumar a Seul na próxima JMJ em 2027.

Mas, não querem apenas fazer atividades, também querem aprofundar a sua fé e debater algumas temáticas: os radicalismos de fé e da sociedade, o lado positivo e negativo das tecnologias, a sexualidade, a exclusão social, o futuro dos jovens na Igreja e as vocações.

Na agenda ficou já assinalado o dia 29 de outubro para uma ida a Lisboa, às zonas onde decorreu a Festa da Alegria (Belém), no âmbito da JMJ, mas que, por motivos diversos estes jovens não conseguiram lá ir ou visitar. Estão desejosos, entre outras coisas, de ir comer os verdadeiros e únicos Pastéis de Belém!

Ficou também no ar o agendamento de uma data para nos sentarmos para ver e debater o documentário da Disney: “AMÉN! Francisco responde”

E assim queremos continuar nas vidas uns dos outros a crescer. Queremos continuar a caminhar juntos, acompanhados por este Jesus, que nos faz arder o coração, que nos move e impulsiona a agir, para que o sonho de Deus para cada um de nós se torne numa realidade, livremente escolhida por cada um.

 Viviana Cordeiro

A FESTA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DA MARINHA GRANDE

Esta semana a Paróquia da Marinha Grande está em grande azáfama, porque nos dias 6, 7 e 8 deste mês vai decorrer a Festa da Padroeira, Nossa Senhora do Rosário.

 Durante a semana vários eventos irão decorrer, desde uma Noite de Louvor até uma palestra sobre a “Oração do Rosário”, dada pela Irmã Ângela Coelho.

Todos se empenham em montar tendas, arranjar os espaços, cozinhar refeições, bolos e as tão apreciadas filhós. 

Mas tudo isto tem um propósito maior, que é honrar a Mãe do Céu, na invocação de Nossa Senhora do Rosário, Padroeira da Paróquia da Marinha Grande.

Por isso mesmo haverá procissão de velas na sexta feira à noite, e Missa Solene da Festa pelas 15 horas de Domingo, seguida de uma grande procissão pelas ruas da nossa cidade.

É que honrando a Mãe, celebramos o Filho, pois a Virgem Santa Maria, como nos quis lembrar em Fátima, aponta sempre para Jesus, porque nos ama como filhos seus e quer a nossa salvação.

E lembra-nos também, que ninguém se salva sozinho, pelo que esta Festa e os seus eventos e celebrações devem ser momentos de união, de comunhão para, honrando a Mãe, nos reunirmos em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Por isso todos estamos, mais do que convidados, convocados, para celebramos a fé que nos une como família de Deus. 

Marinha Grande, 2 de Outubro de 2023

Joaquim Mexia Alves

 

 

Carta Pastoral: Pelo batismo somos Igreja viva e peregrina

Caríssimos diocesanos,

No seguimento da minha comunicação do passado dia 29 de setembro (cf. Prot. Nº P2023-159)

tenho o gosto de enviar o Programa Pastoral do triénio, que estamos a iniciar (2023-2026), que contém os processos, metas e objetivos de transformação da nossa Diocese, bem com a Carta Pastoral “Pelo batismo, somos Igreja viva e peregrina”, que o fundamenta.

Façamos memória agradecida e celebremos com alegria o dom do Batismo que todos nós recebemos.

Por ele, Deus Trindade Santíssima fez repousar sobre cada um/a de nós todos os “Seus sonhos” e revestiu-nos com a ternura e a misericórdia da filiação divina. A cada um/a de nós Deus Pai disse no dia do nosso Batismo: “tu és a minha filha muito amada”, tu és o meu filho muito amado” …

Na força do Espírito Santo, vivamos a Vida nova que o Filho de Deus partilhou connosco sobre a Cruz, fazendo-nos seus irmãos e convidando-nos a construir a fraternidade universal com todos os homens e mulheres de boa vontade.

Esta Carta Pastoral pretende provocar uma reflexão que nos leve, ao longo deste triénio, a ter bem presente os fundamentos do batismo e a fixar caminhos e metas que orientarão a nossa ação no caminho sinodal de conversão pessoal e pastoral, em que toda a Igreja está envolvida.

Confio à vossa oração este nosso projeto pastoral diocesano para os próximos três anos e peço a cada um vós, segundo a graça recebida, a colaboração necessária para a sua concretização.

Junto do sucessor de Pedro e ao serviço do ministério petrino, pelo qual Francisco preside na caridade à comunhão de todas as Igrejas, asseguro-vos a minha oração por todos e cada um.

Rezai vós também por mim e pelo bom êxito dos trabalhos sinodais.

Com fraterna estima no Senhor Ressuscitado,

D. José Ornelas Carvalho

I have a dream

“I have a dream…”,  Eu tenho um sonho para a minha paróquia. Não foi exactamente assim, mas bem que poderia ter sido a homilia do P. Patrício Oliveira no passado dia 01 de Outubro, na Marinha Grande.

Nesse dia a comunidade foi convidada a juntar-se para melhor se conhecer-se e dar-se a conhecer. Quem somos? O que fazemos? Porque e para que o fazemos? Foram o mote para o Dia Da Visão. Movimentos e Serviços cheios de criatividade fizeram festa, coloriram com muita alegria e vida o  Parque Mártires do Colonialismo. Escuteiros, Catequese Familiar e da Adolescência, Acólitos, Mensagem de Fátima, Oficinas de Oração e Vida, Coro, Ministros da Comunhão, Liturgia, Curso Alpha, Pastoral Juvenil, Juventude Operária Católica, Irmãs de Santa Maria de Guadalupe, Equipas de Nossa Senhora estiveram todos representados.

Houve encontro, comunhão, partilha. Tudo começou a fazer mais sentido na Eucaristia às 11h da manhã. Logo no início o P. Patrício relembrou que temos de saber para onde vamos, com quem o fazemos e como o fazemos.

Este sonho paroquial partilhado, desde o início, pelo P. Rui Ruivo e mais recentemente pelo P. Jorge Fernandes assenta na ideia na construção de um plano pastoral que faça sentido para a comunidade, onde a sinodalidade esteja presente. Onde todos caminham juntos e querendo, ninguém fique de fora.

Tudo começou num encontro para preparação e organização da vida pastoral da comunidade numa sexta-feira de manhã na Praia de S. Pedro de Moel, influenciados pela imagem de uma concha. E desta imagem passou-se para o conhecido Jogo da Glória, que todos ou quase todos jogámos em criança. Um jogo muito simples, onde ao entrar-se em jogo tudo pode acontecer. Podemos começar na casa de partida e fazer um caminho sem grandes desvios, ou pelo caminho encontrarmos vários desafios que vamos fazendo caminho dispares e em sentidos diferentes, sendo, no entanto que o objetivo é só um. Chegar à casa final. Assim funciona a nossa vida pessoal, familiar, laboral e especialmente a nossa vida no Encontro com Jesus e no caminho que queremos fazer com Ele e que se estende também aos outros.

“Tudo o que fazemos, a forma como planeamos, desenvolvemos e avaliamos deverá ter um objetivo, uma missão: fazer discípulos missionários, criar um ambiente propicio para o encontro pessoal com Deus que leve a vidas transformadas” (P. Patrício Oliveira). Todos somos diferentes. Todos temos experiências de vida diferentes; formas de socialização primária (na família) e secundária (na escola e no contato com outras instituições que não a família) diferentes; oportunidades económicas, sociais, culturais e religiosas diferentes. As comunidades paroquias são disso mesmo reflexo: as próprias experiências de vivência da fé de cada pessoa na comunidade são diferentes.

E se tradicionalmente havia como que, uma lógica uma rotina que se iniciava com o batismo em criança, a ida para a catequese aos 6/7 anos, o celebrar um conjunto de sacramentos e festas que culminavam no sacramento do Crisma ou Confirmação e depois as pessoas acabavam por ficar na comunidade paroquial ao serviço da mesma, em função das suas competências, gostos e dons e neste percurso encontravam a sua vocação: leigos, matrimónio, ou até a ordem. Mas, hoje, as pessoas mudaram. O mundo mudou. E percebemos verdadeiramente que “a tradição já não é o que era”, com tudo o isso traz de bom e menos bom.

Na catequese familiar encontramos pais que trazem os filhos e que os acompanham, porque os filhos (crianças de 7 anos) os convidaram. Adultos de 50 anos que se batizam após muitos anos terem optado por estar longe de Deus. Adultos que nunca foram à catequese, foram apenas batizados, mas que um dia são convidados para um jantar, e em que a possibilidade da mousse de chocolate é um excelente motivo para ir e vão a 2 encontros Alpha e de repente questionam-se, interrogam-se e tudo começa a fazer sentido. Adultos que constituem família, mas que não querem nada com o matrimónio e que vêm pedir o batismo para os filhos e acabam por pedir o próprio batismo e até decidem dar “o nó”.

Há uma panóplia de realidades. Para conseguirmos estar aberto a Todos é preciso cativar, tal como o Principezinho fez com a sua raposa. Primeiro criou laços. Depois criou rituais. Depois sentiu a falta e por fim “[ficou] responsável para todo o sempre por aquilo que [cativou]” (Saint Exupéry, O Principezinho).

O Jogo da Glória é também um bocadinho disto. Tem como objetivo o Discipulado Missionário e até lá chegar existem várias etapas ou fases fundamentais: Convite, Encontro Pessoal com Cristo, Liderança e serviço, Grupos de Partilha, Discipulado, Missão, Adoração e Pertença. Funcionam como um Todo. Precisamos de perceber onde nos encontramos, ou onde o Outro se encontra e fazer ou ajudar a fazer caminho. Um caminho que faça sentido para cada um, onda cada um encontre o seu equilíbrio pessoal e na comunidade e se sinta feliz.

O convite para um chá, café ou jantar, pode ser o primeiro passo. Depois podem seguir-se outros convites para ler na Eucaristia, para colaborar na catequese familiar a cuidar dos mais pequenos e rebeldes, para vir fazer oração, para vir à Missa, para vir ao grupo de jovens ou aos encontros da JOC ou do Alpha, para vir fazer parte do coro, para vir descascar batatas para a sopa da festa da Padroeira ou para vir enfeitar as ruas ou os andores, entre tantas outras possibilidades de convite. E, passo a passo, há um sentido de acolhimento, que gera a falta, e mais cedo ou mais tarde o verdadeiro Encontro com Jesus. E depois o querer tê-lo de forma mais presente na vida e o caminhar com Ele e com toda a comunidade. Uma comunidade onde todos se conhecem. Todos sabem os seus nomes, sabem o seu papel, percebem a missão de cada um. Uma comunidade que se suporta e ampara, como dizia o P. Patrício na Homilia e depois de forma bem visual concluía numa paróquia em que quem descasca uma cenoura para fazer uma filhós o faz com este sentido de missão, para que quem a vá comer, sinta verdadeiramente o amor de Deus.

Seremos verdadeiramente discípulos missionários, quando à luz do Evangelho as nossas vidas forem transformadas. E isto é uma realidade para todos. Mesmo para quem já faz caminho há muitos anos, para quem percebeu a importância de Jesus na sua vida muito cedo. Mas há que renovar permanentemente, continuar a questionar para que esta necessidade de sentir verdadeiramente a sua vida transformada, não seja uma realidade efémera, mas permanente.

“I have a dream”…

Viviana Cordeiro

Testemunho na Assembleia Diocesana 2023

A Assembleia Diocesana contou com um testemunho em primeira pessoa de uma paroquiana da Marinha Grande, fica aqui o seu testemunho

Sou a Ana Umbelina Silva, tenho 50 anos, sou casada pela Igreja e tenho uma filha de 7 anos, a Caetana. Nasci e fui criada numa família católica “não praticante” (cresci a ouvir esta expressão e, agora, concluo que a mesma não faz qualquer sentido). Os meus pais não quiseram que fosse batizada em bebé, porque gostariam que eu percebesse o conceito de “Batismo”.

No final do ano de 2022 decidi que queria receber este sacramento, não para poder ser madrinha, ou cumprir uma promessa, ou casar pela Igreja; queria apenas iniciar uma vida cristã. Fui, nos meses que antecederam o Batismo, apresentada à comunidade, durante a missa, como catecúmena. Foi um processo muito pessoal, um tanto solitário (por opção), emocionante, de descoberta e de conhecimento de algo que desconhecia quase na totalidade. Foi muito pensado. Entendi que tendo 50 anos não me iria precipitar.

No dia 8 de abril, deste ano, durante a Vigília Pascal, fui batizada pelo padre Patrício Oliveira, na paróquia da Marinha Grande.

Na noite que antecedeu o meu Batismo, não dormi. No próprio dia, estava extremamente nervosa. Pedi que não me incomodassem, fechei-me no quarto e falei com o Senhor: perguntei-lhe se estava a proceder corretamente, se era esse o meu caminho. Orei. Tive a certeza. Fui-me acalmando, até que chegou o momento de ir para a nossa igreja. O momento… bem, o momento foi belo, sentido, com muita essência. Começou com uma tentativa do padre Patrício de esconder uma lágrima no olhar, de felicidade por todos os catecúmenos… Dirigimo-nos para o exterior da Igreja e as luzes foram desligadas. Com a ajuda dos escuteiros acendemos o Lume Novo. Foi aceso o Círio Pascal e foram colocados os cravos no mesmo. Voltámos para o interior da igreja escura e, com a ajuda dos acólitos e dos catecúmenos, passámos o lume novo de pessoa em pessoa, de vela em vela… A igreja ficou linda, iluminada na noite, iluminada com velas que representavam a presença da Luz de Deus. Para mim tudo era novidade, porque nunca tinha assistido a tamanha beleza e com tanto significado: nesse dia deixei de ser pagã ou prima (como alguém me chamava…) e passei a ser irmã de toda uma comunidade. Após o Batismo recebi a confirmação, com o sacramento do Crisma. E quando comunguei pela primeira vez, aí, sim, o meu coração acalmou. Tive consciência que tinha dentro de mim o Corpo e Sangue de Cristo. Foi indescritível. Queria chorar de alegria, mas estava estranhamente calma. O pensamento estava vazio de futilidades e focado naquele momento de extrema importância. Tinha o meu padrinho do meu lado, homem grande, forte, mas que, naquele momento, estava tão frágil e emocionado quanto eu, apesar de toda a sua vivência em Igreja. (Dez dias depois casei pela Igreja com o Miguel.)
No final da noite, no regresso a casa de familiares, senti que já era filha de Deus Pai, já poderia morrer em paz… pensamento estranho, mas que também me povoou a cabeça naquele momento.

O meu Batismo passou por um processo de decisão (muito) longo e demorado. Começou antes da pandemia, em 2019, com o Batismo da minha filha Caetana. Eu, sempre disse que, se tivesse filhos, não queria que eles fossem batizados… Mas os desígnios de Deus… Esta demora teve uma razão de ser: queria ter mais conhecimento para que a minha decisão fosse fundamentada e não fosse precipitada. Felizmente, e com o auxílio do Espírito Santo, sei que tomei a decisão correta. Continuo feliz e emocionada. Sempre que recordo esse dia fico com um sorriso colado nos lábios. Um sorriso terno de uma filha que passou a ter um Pai que é Deus e só Amor.

Para mim, e para quem me conhece, o meu Batismo foi um ato de profunda coragem que me trouxe consequências várias ao nível pessoal. Mas posso dizer que foram boas consequências, apesar de algumas serem dolorosas ou não entendidas por mim, ou pelos outros. Todas foram fenomenais. Desde o dia 8 abril, dia de profunda comoção, que encaro a fé católica de uma forma ainda mais profunda. Continuo a adquirir conhecimentos de Alguém que deu a Sua vida por mim, por todos nós e pelos nossos pecados. Há algo mais belo e com mais significado do que este gesto?

Quero agradecer a Deus o facto de estar presente na minha vida, e por ter colocado tantos rostos no meu caminho: ao padre Jorge Fernandes, ao padre Rui Ruivo (que me ouviu numa fase muito embrionária – durante o Enovar2019, em Cascais), à irmã Susana Salinas (o meu primeiro e doce contacto com a Igreja), ao meu padrinho e amigo, Joaquim Mexia Alves (que me ajuda, ensina, contraria, desafia, me coloca a pensar), ao padre Patrício que me “pescou”, numa fase da vida em que eu precisava de algo mais (ele estava atento, ele percebeu pelas minhas simples palavras e comentários) e, colocando em prática e de uma forma tão simples o conceito de evangelização, convidou-me para participar no Alpha número 13, realizado em 2019, na nossa paróquia, ao bispo D. José Ornelas, que me ouviu, conversou acerca do Batismo e da Igreja, e me ungiu com o óleo dos catecúmenos, ao Papa Francisco e à Santa Igreja que tanto me têm ensinado a refletir.

Nunca mais me senti, e sei que não me sentirei só. Somos todos Igreja.

Quero também dizer que antes do meu Batismo comecei a fazer parte da equipa de liderança pastoral (com uma participação muito incipiente), frequentei o CPM e, após o Batismo, frequentei a catequese de adultos. Frequento a catequese familiar com a Caetana, ajudo na angariação de bens para a Conferência São Vicente de Paulo, fui família de acolhimento das JMJ2023 e faço parte do grupo de leitores na missa.

E agora? Agora quero mais. Quero aprender mais. Quero sentir-me acolhida por todos, mas sempre com a consciência de que tomei a decisão correta.

Termino apenas com uma pergunta: o que seria agora a minha vida sem o convite feito pelo padre Patrício para participar no Alpha em 2019? Com certeza que continuaria cinzenta e sem sal…
Como batizada corro para alcançar a meta que é Cristo que me dá da Sua Luz.

Ana Umbelina Silva

Dia da Visão da Paróquia

Não é de agora que me ouvem falar de Visão Pastoral/Paroquia, Renovação e Missão.

E sim, estamos todos de acordo: “o padre Patrício é um chato, o padre Rui também era, e o padre Jorge vai pelo mesmo caminho”.

A Marinha Grande é uma paróquia especial, cheia de gente entusiasmada, com iniciativa e paixão. Temos uma enorme história colectiva e inúmeras histórias de pessoas que deram e dão a sua vida ao serviço do evangelho das mais variadas formas.

Somos, nós os padres, chatos com tudo isto, porque reconhecemos o potencial que vemos todos os dias!

Mas também vemos cansaço, os grandes desafios e as mudanças sociais e culturais deixam marca, cansam, e deixam muitas vezes uma sensação de frustração. O entusiasmo e a paixão precisam ser enraizados em Cristo, precisam de ser alimentados para que possam crescer, dar fruto e fruto em abundância.

Em todos os contextos, e embora tenhamos algum pudor de o dizer em voz alta, a boa vontade por si só não chega. Poderia arder como restolho seco. A paixão precisa ser transformada em amor, a boa vontade precisa ser educada, formada e fortalecida.

E todos os nossos esforços, sejam serviços, movimentos, voluntários, precisam de trabalhar em harmonia, lado a lado, para chegarmos mais longe. Lá onde Deus nos espera e para onde nos chama.

A ideia da Visão Paroquial é muito simples: precisamos todos de apontar ao mesmo horizonte. Sabemos todos para onde vamos, não obstante as diferenças de ritmo e de carisma. Somos uma comunidade plural, com várias sensibilidades e inúmeros talentos que são capazes de ir ao encontro do chamamento missionário que Jesus nos faz no Evangelho.

Sentimos que é tempo de organizar as fileiras deste “exército”.

A visão pastoral é uma imagem daquilo que Cristo nos chama a ser como comunidade para prosseguir a Sua missão de salvação, no nosso ambiente. Apresenta um futuro sustentável que desperta paixão e força nos corações dos fiéis.

Como a fé, mostra as coisas antes que aconteçam (Hebreus 11, 1).

A visão responde à pergunta: «para onde vamos?»

Quando soubermos para onde vamos, não importa o ritmo, ou o gosto pessoal, todas as acções, todos os movimentos são conscientes: faço isto para chegar ali! Desde a limpeza, as flores, uma catequese que se prepara, um sorriso da equipa de animação, uma homilia ou um convite para jantar. Tudo, tudo, mas mesmo tudo é feito com intenção: temos uma missão e sabemos para onde vamos.

Com o dia da Visão Paroquial, queremos dar um passo, simples e pequenino. Celebramos juntos, todos, partilhamos a mesa, conhecemo-nos e tornamo-nos íntimos (aos poucos! Bem sabemos). Mostramos os serviços, movimentos que compõem esta paróquia.

Porque sonho que em breve se dirá da Marinha Grande: “vede como eles se amam”.