JMJ e a teia da amizade dos jovens na Marinha Grande
Ainda sobre as Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ)...sim, porque as JMJ tocaram e transformaram as vidas de TODOS. Reativaram laços de amizade, comunhão e partilha nas nossas comunidades.
Este foi um evento que não deixou ninguém insensível, pelos mais variados motivos.
Para quem se entregou voluntariamente a organizar tudo o que envolveu os dias nas dioceses e que teve de sair do seu quadrado para fazer acontecer.
Para todos os que se juntaram às equipas da organização para colaborar na receção, acolhimento e promover o bem-estar dos peregrinos em cada Paróquia.
Os peregrinos que chegaram à Marinha Grande promoveram a partilha de experiências culturais e humanas que enriqueceram tremendamente todas as pessoas envolvidas: voluntários, famílias de acolhimento e a comunidade em si.
A alegria, a cor, a vida que estes peregrinos, sedentos de conhecimento das nossas formas de ser e de estar perante a vida e a fé, trouxeram, foi algo maravilhoso.
Toda esta experiência, foi contagiante e chegou a todos: aos paroquianos ativos, aos menos ativos e mesmo aqueles que não têm por hábito participar nas dinâmicas paroquiais. Conhecemos pessoas que na nossa comunidade se envolveram, aprofundámos o conhecimento com outras.
Mas tudo ainda foi mais além. Chegou mesmo àquelas pessoas que optaram por não se envolver diretamente, mas que viram as ruas da sua paróquia encherem-se com jovens que traziam bandeiras dos seus países, que falavam línguas e vestiam trajes diferentes, com a sua presença por vezes ruidosa, contudo sempre alegres e tranquilos, cantando, gritando e expressando-se na forma tão caraterística e própria da sua juventude.
Quando o nosso Papa Francisco, em Lisboa, disse vezes sem conta que a Igreja é para TODOS era a tudo isto que se referia também.
Na hora da despedida havia tristeza e até algumas lágrimas. Já se sentia saudade da enorme alegria que estes “estranhos” trouxeram às nossas vidas, aos nossos corações e que ficarão para sempre nas nossas memórias. A nossa comunidade tinha sido transformada por toda a intensidade, rebuliço e turbilhão de emoções e experiências daqueles dias.
Depois de nos despedirmos dos que recebemos em “nossa casa”, foi a nossa vez de partir para Lisboa ao encontro do Papa Francisco, com a expectativa de reencontrarmos alguns dos nossos novos amigos. Alguns de nós até encontrámos. E fizemos festa.
Da Marinha Grande partiram dois grupos, entre jovens e adultos. Um primeiro grupo de 27 pessoas viveu e participou nas dinâmicas previstas para a semana inteira e o segundo grupo viria a participar apenas nos últimos três dias.
As expetativas de cada um dos participantes eram diferentes à partida, mas no final a experiência não deixou ninguém indiferente. Cada um, trouxe consigo memórias e vivências pessoais e de grupo, fez novas amizades, que um dia farão a diferença pelo fato de serem sido intensamente vividas.
Mas o espírito das JMJ não terminou naqueles dias em Lisboa. Na nossa Paróquia alguns destes jovens, aceitaram um primeiro convite para no dia 8 de setembro se voltarem a encontrar. Entre memórias das peripécias e emoções vividas, conversas e brincadeiras, da partilha das fotografias que cada um registou e depois de um jantar animado, começaram a traçar-se ideias e perspetivas para o futuro deste grupo.
No passado dia 29 de setembro voltámos a encontrar-nos. Descobrimos coisas novas uns dos outros: comidas favoritas, lugares no mundo que gostaríamos de visitar e coisas que nunca fizemos.
“Não há longe nem distância” (Richard Bach), para sonhar, mas sobretudo para experimentar o amor de Deus e o poder da amizade. E no meio destas curiosidades da vida e desejos de cada um, construímos aquilo que alguém nomeou de “Teia da Amizade”.
E a vida, tal como a amizade, é verdadeiramente uma teia. Um emaranhado de caminhos, de encontros e desencontros, onde vamos vivendo momentos marcantes nas nossas histórias de vida pessoais criando memórias. E é nessa teia que vamos construindo aquilo que somos e queremos ser, para realizar na vida e no mundo algo de verdadeiramente bom.
Treze foram os jovens presentes. Com idades que vão dos catorze aos vinte. Três vieram a primeira vez, porque se desafiaram e atreveram a vir experimentar. Ainda há lugar para os que não puderam aparecer porque tiveram imprevistos e para aqueles que quiserem aparecer. Mas estes jovens já decidiram que querem continuar a encontrar-se e a partilhar experiências, à sua medida. Já definiram algumas atividades que querem realizar juntos: andar de caiaque, acampar, fazer voluntariado com idosos, fazer sessões de cinema com pipocas, ir à praia, regressar a Lisboa para visitar com maior tranquilidade, mas também querem realizar angariações de fundos, com o objetivo de puderem rumar a Seul na próxima JMJ em 2027.
Mas, não querem apenas fazer atividades, também querem aprofundar a sua fé e debater algumas temáticas: os radicalismos de fé e da sociedade, o lado positivo e negativo das tecnologias, a sexualidade, a exclusão social, o futuro dos jovens na Igreja e as vocações.
Na agenda ficou já assinalado o dia 29 de outubro para uma ida a Lisboa, às zonas onde decorreu a Festa da Alegria (Belém), no âmbito da JMJ, mas que, por motivos diversos estes jovens não conseguiram lá ir ou visitar. Estão desejosos, entre outras coisas, de ir comer os verdadeiros e únicos Pastéis de Belém!
Ficou também no ar o agendamento de uma data para nos sentarmos para ver e debater o documentário da Disney: “AMÉN! Francisco responde”
E assim queremos continuar nas vidas uns dos outros a crescer. Queremos continuar a caminhar juntos, acompanhados por este Jesus, que nos faz arder o coração, que nos move e impulsiona a agir, para que o sonho de Deus para cada um de nós se torne numa realidade, livremente escolhida por cada um.
Viviana Cordeiro