Anos santos, anos jubilares ou Jubileus

   A tradição cristã de celebrar um ano jubilar, ou jubileu, começou no ano de 1300, no auge de uma época de ouro para a Europa, tendo sido instituído pelo Papa Bonifácio VIII na sequência de uma afluência de peregrinos aos túmulos de S. Pedro e S. Paulo muito superior ao habitual, desejosos de obter indulgências plenárias de reparação.

   A ida dessa enorme multidão a Roma no ano centenário do nascimento de Jesus Cristo, proveniente em grande parte do norte da Europa, foi possível devido à estabilidade política e social existente, à facilidade de viajar, ao desenvolvimento da agricultura e da produção de alimentos, ao florescimento cultural (criação de universidades, surgimento das catedrais góticas, florescimento da polifonia, da literatura e das artes plásticas), ao crescimento das cidades, permitindo uma atenção muito maior das pessoas para a vida espiritual.

   A intenção na altura seria a de convocar um jubileu a cada 100 anos, mas isso trazia o inconveniente de impedir várias gerações de o celebrar. Face a esse desejo natural, o jubileu seguinte foi celebrado em 1350, mas depressa se consolidou o costume de o convocar a cada 25 anos, prática seguida até aos dias de hoje.

   Nem sempre foi possível seguir este ritmo, havendo algumas ocasiões em que não foi convocado. O do ano de 1800 não se realizou e, até ao ano de 1900 apenas teve lugar o de 1825.

  Sendo uma ocasião propícia e reconhecida pelo Magistério da Igreja para a obtenção de benefícios espirituais e de redução das consequências temporais do pecado, torna-se um tempo de crescimento interior, de fortalecimento na fé e de aprofundamento da união com Deus e com o próximo. Por isso, deve ser aproveitado pelos fiéis como oportunidade de conversão e arrependimento, de exame de vida e de consciência, de redenção e de salvação, um tempo favorável, “um ano da graça do Senhor” (cf. Lc 4, 20).

Fernando Brites