A Casa da Irmã Lúcia, em Aljustrel, vai ser reaberta ao público esta sexta-feira, após oito meses de renovação, a partir da museologia do século XXI, para apresentar a peregrinos e visitantes “uma das mais importantes figuras do catolicismo contemporâneo”.
“Olhamos para esta casa na expectativa daquilo que os peregrinos também aqui querem encontrar: é, de facto, a Casa da Lúcia, mas não da Lúcia doroteia nem da Lúcia carmelita, mas sim da Lúcia da infância”, disse Marco Daniel Duarte, diretor do Departamento de Estudos e do Museu do Santuário de Fátima, numa visita ao espaço.
Segundo o responsável, o objetivo das intervenções multidisciplinares foi “trabalhar o espaço a partir da materialidade, mas sobretudo a partir do intangível, da imaterialidade”.
Reconstruída em 1885, foi nesta casa nasceu Lúcia, uma das três videntes de Fátima, no dia 28 de março de 1907, tendo ali vivido até aos 14 anos de idade.
Os responsáveis do Santuário de Fátima indicam que este foi um “lugar de convivialidade não apenas da família constituída por António dos Santos e Maria Rosa, seus pais, mas também a ‘casa de todos’, dos vizinhos, entre os quais militas crianças”.
Já desde o tempo das Aparições, em 1917, era a esta casa que acorriam os peregrinos que procuravam falar com Lúcia; hoje, o espaço é apresentado como destino de peregrinos e visitantes, cerca de 300 mil por ano, que procuram “encontrar as raízes primeiras do fenómeno de Fátima”.
“Sendo uma casa-museu, aquilo que o museólogo tem de fazer é percecionar o espaço, aprofundar aquilo que este espaço significa, entender o espaço na sua diacronia de utilização, no tempo que teve de sucessivas utilizações, e fazer aquilo que eu defendo que deve ser feito nestas casas-museu, o que eu chamo de museologia do silêncio”, indicou Marco Daniel Duarte.
Segundo o diretor do Museu do Santuário de Fátima, as obras tiveram como base um “aprofundamento muito forte das fontes de informação” sobre a casa.
“Essas fontes de informação são, sobretudo, as memórias da própria Irmã Lúcia, e também algumas cartas em que ela descreve, cómodo a cómodo, divisão a divisão, o que é que existia em cada um dos espaços”, precisa.
A Casa-Museu, a pouco mais de dois quilómetros da Cova da Iria, corresponde à residência de uma família rural dos finais do século XIX, início do século XX, com três quartos, cozinha, uma sala com um tear, arrecadação e a casa do forno, em anexo.
Marco Daniel Duarte recorda que um primeiro projeto museológico teve lugar, no espaço, nos anos 90 do século XX, mas já se considerava “obsoleto”.
A obra contou com a colaboração do arquiteto Marinhense, e nosso paroquiano, Humberto Dias.