Dos filhos e do caminho de Fé

Sou catequista dos pais do 3º ano do Centro da Marinha Grande, mas antes sou mãe de uma menina de 9 anos que quer comungar desde os seus 2 anos.

Claro que aos 2 anos não se sabe o que é comungar… apenas partilhou no silêncio da comunhão “Eu também quero uma bolacha”. Todos se riram de forma carinhosa.

Foi difícil e complicado explicar o porquê de não o poder fazer. Foram semanas de choro com “baba e ranho” durante o momento da comunhão nas celebrações por não poder participar dessa “bolacha”.

Com o tempo foi aprendendo na sua pequenez o significado e a sua importância. E ia ficando satisfeita por cruzar os braços e poder ir na fila e receber a benção naquele momento que só alguns podiam antes participar.

Com a entrada no 1º ano de catequese voltou a questionar se seria nesse momento. E com paciência e ajuda de catequistas e padrinho voltamos a explicar que teria de conhecer melhor Jesus.

Quando iniciou o 3º ano, começou a jornada para mim. Eu tinha em mente: prepara-la para compreender o mistério. Começou a aprender que já não era uma bolacha, era o Corpo de Cristo. O fazer parte da mesa com Jesus. Pobre de mim. Fui percebendo que o caminho se faz caminhando e o que era essencial era fazê-la compreender que aquele momento era essencialmente querer ser como Jesus e estar com Ele no seu coração.

No dia 23 de Março acordei com uma criança aos saltos na minha cama a gritar: “Hoje é o dia da minha primeira comunhão”. Neste dia, quis fazê-la sentir feliz e amada e os preparativos foram feitos com muito cuidado.

A celebração começou na rua com o Evangelho e a benção dos ramos. Ela levou a cruz (coisa de mãe… encheu-me o coração). A celebração em si, foi linda e sinto-me muito feliz e orgulhosa tanto dos meus pais, como das crianças que têm feito um percurso constante e curioso.

E chegou o momento. A confusão do momento que é normal, para o momento único e esperado pela Rita. Queria que ela se sentisse apoiada naquele momento. Acho que quem estava naquele circulo viveu uma alegria que não se explica. Ao chegar ao banco, deitou a língua fora e disse…. não gosto do sabor. Eu como mãe disse-lhe que agora não era esse o momento, mas sim de falar com o Jesus que estava com ela nesse momento. E assim o fez…

Depois foi o momento da Consagração a Nossa Senhora e foi aqui que quebrei. Os meus olhos encheram-se de lagrimas. Acho que é o momento em que se percebe que os filhos não são nossos mas do mundo… senti que estava a começar a sua missão.

Não sei o que seguirá, mas a Rita vive com alegria neste mundo novo onde pode comungar e ao mesmo tempo, acolitar. Será que ela compreende este mistério?

Eu como mãe, começo achar que está a começar uma coisa muito bonita.

Daniela Sousa
é catequista do grupo de pais do terceiro ano do centro da Marinha Grande