Aniversário da Diocese de Leiria-Fátima

Em Julho de 1543, vagava o bispado de Coimbra, pelo falecimento de D. Jorge de Almeida, ao fim de 60 longos anos de episcopado e, a 11 de Novembro, o mesmo sucedia no arcebispado de Braga, por falecimento do infante D. Duarte, filho de D. João III, eleito no ano anterior. D. João III, aproveitando esta oportunidade, deu instruções ao seu embaixador na corte de Roma, Baltazar de Faria, para que os dois bispados fossem divididos, antes de serem novamente providos. No caso de Coimbra, dava-se a circunstância de o priorado de Santa Cruz deter na vila de Leiria e seu termo rendas eclesiásticas, julgadas suficientes para a erecção de um bispado. De facto, “a vila de Leiria é uma das notáveis vilas e de grande povoação do reino de Portugal, em que há igrejas grandes e mosteiros de religiosos, e principalmente há uma igreja principal de prior e muitos beneficiados, à qual são anexas todas as igrejas da dita vila e termo”. Pela bula “Pro excellenti”, de 22 de Maio de 1545, o Papa Paulo III criava a Diocese de Leiria, separando-a de Coimbra e do priorado-mor do mosteiro de Santa Cruz da mesma cidade; erigia a igreja de Santa Maria da Pena em catedral; e integrava a nova Diocese na província eclesiástica de Lisboa. Noutra bula da mesma data, o Papa recomendava ao rei o novo bispo, D. Frei Brás de Barros, e unia à mesa capitular de Leiria as rendas da igreja de Santa Maria e suas anexas, sujeitas até então ao priorado-mor de Santa Cruz de Coimbra. A 13 de Junho do mesmo ano, D. João III, na sequência dos actos pontifícios que ele próprio solicitara, dois anos antes, elevava a vila de Leiria à categoria de cidade. A Diocese de Leiria foi criada com dez paróquias ou quase-paróquias, directamente dependentes dos Crúzios de Coimbra: na vila, vindas do século XII, Santa Maria da Pena, a matriz, S. Pedro, S. Tiago, S. Estêvão, S. Martinho; no termo, Paredes (criada em data que se ignora, transferida provisoriamente para o lugar de Pataias, em 1536, e definitivamente, para o mesmo lugar, em 1542), Reguengo (desmembrada de S. Martinho, em 1512), Batalha (de S. Estêvão, em 1512), Monte Real (de S. Tiago, em 1512) e Maceira (de S. Estêvão, em 1517); e mais cinco que dependiam da jurisdição diocesana do bispo de Coimbra, embora fossem assistidas pastoralmente pelos mesmos Crúzios: Colmeias, Vermoil, S. Simão de Litém, Espite e Souto da Carpalhosa (todas já existentes, pelo menos, em 1211).